Dívida bilionária amplia caos financeiro do futebol brasileiro

Dívidas x Receitas até 2011  (em R$ milhões)
  
Dívidas
Receitas
Indicador
 1º - Botafogo
564
59
9,6
 2º - Fluminense
405
80
5,1
 3º - Vasco
387
137
2,8
 4º - Atlético-MG
368
100
3,7
 5º - Flamengo
355
185
1,9
 6º - Palmeiras
245
148
1,7
 7º - Santos
208
189
1,1
 8º - Grêmio
199
143
1,4
 9º - Internacional
197
198
1,0
10º - Corinthians
178
290
0,6
11º - São Paulo
158
226
0,7
12º - Cruzeiro
120
129
0,9

Quem olha para o noticiário esportivo brasileiro desde o início do ano já sabe que o Vasco enfrenta sérias dificuldades desde o ano passado. Mas essa situação, não incomoda somente o Clube de São Januário. Entre os 12 maiores clubes brasileiros, outros vivem a mesma situação. O time que quase eliminou o Corinthians da Libertadores-2012 foi desmanchado aos poucos e hoje o Cruzmaltino sofre para pagar em dia os atletas que ficaram.

O Flamengo, desde que trocou de presidente, embarcou em um processo semelhante, com atletas deixando o clube não pelo rendimento esportivo, mas pelo alto custo de seus salários. O mesmo acontece no Palmeiras: A nova diretoria assumiu há pouco e já avisou que não serão feitas grandes contratações e que os tempos são de contenção de gastos.

Os três exemplos são a prova de que a situação financeira precária do futebol brasileiro, aos poucos, vai vencendo os clubes. O processo é rápido e cresce com velocidade ainda maior do que a evolução das receitas.

Desde 2003, os maiores clubes do país aumentaram em 235% a verba que entra nos cofres, passando de R$ 800 milhões em 2003 para R$ 2,7 bilhões em 2011. No mesmo período, porém, as dívidas cresceram 306%, de R$ 1,2 bi para R$ 4,7 bi.

"Muita gente fala que a gestão dos clubes está melhorando só porque tem mais dinheiro entrando. Mas essa análise mostra que os dirigentes estão fazendo o que sempre fizeram: Trabalham com o dinheiro futuro. O custo do futebol atual está no patamar de 2016, mas está sendo praticado em 2012. Nesse modelo, os custos vão subir sempre. O déficit é garantido", diz Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva.

Amir calculou os números que mostram o tamanho do buraco em que o esporte nacional está entrando. Em alguns casos a situação é controlável. O Corinthians, por exemplo, tinha dívidas de R$ 178 milhões até 2011. Mas, com receitas de R$ 390 milhões, precisaria, hipoteticamente, de pouco mais de meio ano para zerar as contas.

O principal indicador de que as contas do futebol brasileiro não vão bem é a análise das dívidas que os clubes acumulam. Como já foi dito, esse rombo é de R$ 4,7 bilhões até 2011 e deve crescer mais quando os números de 2012 forem divulgados. Além disso, levando em conta apenas os clubes com as 12 maiores arrecadações do país, nenhum deve menos que R$ 100 milhões.

Em outros, o problema é gigantesco. Em 2011, por exemplo, o Botafogo arrecadou apenas R$ 59 milhões. Sua dívida, no entanto, batia R$ 564 mi. O indicador é de 9,6 – o que significa que o clube precisaria ficar quase dez anos sem gastar um centavo, mas mantendo a arrecadação, para quitar seus débitos.

E o patamar caótico não é exclusivo do Bota. O indicador do Fluminense, por exemplo, é de 5,1. Mesmo lembrando que o patrocinador do clube, a Unimed, banca o salário de boa parte do elenco. A situação de Atlético-MG e Vasco da Gama também é parecida. O indicador mineiro é de 3,7. O carioca, de 2,8.

Nos demais clubes, essa nota não passa de dois. E apenas Corinthians, Cruzeiro (0,9), Internacional (1) e São Paulo (0,7) estão em um patamar que seria aceitável em empresas privadas. “No mercado financeiro, a partir do indicador 1 você pode considerar a empresa em situação falimentar. Isso quer dizer que a maioria dos clubes brasileiros está em situação falimentar atualmente”, diz Somoggi.

Fonte: UOL esporte

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