Vasco confirma rescisão de Anderson Martins e jogador explica os motivos

Anderson Martins deixou o clube na terça feira 
O zagueiro Anderson se despediu dos companheiros e da comissão técnica na tarde desta terça-feira. Ele estava insatisfeito com a situação política e financeira do clube. O jogador já havia se reunido com a diretoria para tratar do assunto e hoje teve a sua rescisão de contrato concedida pela diretoria cruzmaltina. O Vasco deve a ele o salário de novembro, as férias e o 13º. Anderson Martins voltou ao Vasco no ano passado e terminou a temporada como um dos destaques da equipe, sendo titular absoluto. Os problemas extra campo foram determinantes para a decisão do atleta. Em conversa anterior com os dirigentes, Anderson reafirmou que ia fazer todo o esforço ao lado do grupo para terminar o ano de 2017 da melhor maneira possível, mas se preocupava com o futuro. A indefinição política e financeira e os efeitos no planejamento minaram a vontade do jogador de continuar em São Januário. A atual diretoria e a possível gestão de Julio Brant fizeram pedidos, mas o zagueiro decidiu deixar o clube.

A torcida do Vasco ficou surpresa com a rescisão de contrato de Anderson Martins nessa terça-feira, mas dentro de São Januário, o caso parecia desenhado no fim da temporada de 2017. Ele explicou que a sua saída foi praticamente antecipada em dezembro, quando o atleta  procurou Anderson Barros, gerente de futebol, para saber informações sobre o planejamento para 2018 e as condições política e financeira num futuro próximo.

As notícias não foram nada animadoras e uma mensagem com "missão cumprida" no instagram, no dia 4 de dezembro, um dia após conquistar a classificação para a Libertadores, já era um ensaio do adeus.

- Jogador se fala. Eu sabia de salários atrasados, de política, sabia de tudo. Vivi isso em 2011. Vim no pior momento para o Vasco. O time estava mal na tabela, era candidato ao rebaixamento e ajudei da melhor forma. Entendo que o torcedor é apaixonado, mas acho injusto me chamarem de mercenário. Estou saindo ganhando menos do que no Vasco. É triste falar, mas estou indo para um clube que vai dar me dar condição, perspectiva na carreira. Jamais menosprezando o Vasco, por que é triste falar, por que sou vascaíno, mas, mesmo fora da Libertadores, o São Paulo vai me dar perspectiva profissional melhor do que o Vasco - disse Anderson Martins.

O jogador explicou que o seu agente Carlos Leite fez acordo com Eurico Miranda antes de chegar ao Vasco. Era um trato verbal de proteção ao jogador e que dizia mais ou menos o seguinte:

"Se as coisas não melhorassem em São Januário; ou seja, se o clube continuasse com situação política indefinida e, em consequência, os problemas financeiros e de planejamento para a próxima temporada aumentassem, ele teria a opção de abrir mão do restante do contrato, que ia até 2020, sem multa contratual".

- Resolvi sair diante de todo esse cenário político. Quando vim, pensei em dias melhores. Falaram que as coisas iam se ajeitar, mas caso isso não acontecesse eu estava livre. Agora o Eurico só me liberou por conta dessa parte política. Quando ele viu que as coisas estavam complicadas para continuar na presidência, me liberou, quando viu que não tinha mais possibilidade de vencer a eleição. Tanto que a decisão só saiu hoje (terça), logo depois do retorno do recesso do judiciário e que a tentativa na Justiça não serviu.

Anderson revela que antes de assinar com o Vasco por três anos houve procura do Corinthians, do Atlético-MG e do Flamengo, mas afirmou que escolheu o clube da Colina por "gratidão". Ele afirmou que, no acordo de rescisão, abriu mão da dívida de atrasos salariais e de direitos de imagem para deixar o clube de São Januário.

- Não vou receber o que tinha direito. Abri mão de tudo para sair. Estou perdendo dinheiro e com a imagem ruim, mas tenho meus objetivos profissionais. Falaram antes que iam reformular as coisas e eu disse: "se isso acontecer vou terminar minha carreira no Vasco." Mas as coisas não aconteceram. Recebi dois meses e meio de salários até dezembro, e só agora que eles pagaram mais uma parte. Joguei de julho até dezembro recebendo dois meses e meio de salários. Tinha direito de ir na Justiça, mas não queria fazer isso - contou o futuro jogador do São Paulo.

O interlocutor dos jogadores no Vasco era Anderson Barros. O gerente de futebol, que deixou o clube de São Januário no fim do ano passado para voltar ao Botafogo, ouviu de Martins as queixas e o aviso de que não voltaria nas condições que deixou o clube ao término da temporada 2017.

- Comuniquei ao Anderson Barros, a meus representantes e a direção que não voltaria ao Vasco do jeito que estava. Anderson me falou: “faz o que tiver que ser feito dentro de campo para ter direito de escolha”. Ele teve o direito de escolha dele e ninguém falou nada. Ele foi o primeiro a sair. Largou todo o planejamento. O próprio treinador (Zé Ricardo) ficou chateado, mas entendeu, por que sabe que tinha a indefinição que atrapalha. O Vasco esperou para fazer a minha rescisão quando perderam na Justiça, para tirar o foco deles, para se protegerem. Me jogaram contra a torcida - desabafou Anderson Martins.

Triste com os ataques que recebeu durante o dia nas redes sociais, Anderson Martins lamentou os problemas políticos no clube de São Januário.

- Todas as profissões as pessoas têm direito a escolha. No futebol o cara saiu é "traíra, cuspiu no prato que comeu". Respeito o torcedor, mas tenho que seguir minha carreira.  O torcedor consciente vai entender. Não posso parar por conta desses problemas que o clube enfrenta. Tentei ajudar até quando deu. Eurico exigiu agora essa coisa de cláusula do Flamengo. Ele pensou que eu ia para o Flamengo. Eu não ia. Tive proposta antes e não fui - lembrou.

Sobre a declaração de Eurico, na última coletiva, de que "o salário era fora da realidade no futebol brasileiro", Anderson rebate.

Ele lembra que Eurico mesmo combinou dele não se apresentar na volta para a pré-temporada, diante do que já estava acordado antes das férias.

- Na hora contrata e depois diz que é fora da realidade? Não exigi de ninguém, não pedi: "assina aqui". Fizemos um contrato, um acordo. Poderia ter ficado por toda identificação com a torcida, a quem sempre agradeci e nunca fui de ficar fazendo média. Mas, se, infelizmente os torcedores, entendem que a minha decisão foi de mercenário, fico triste. Não tive compensação financeira no Vasco. Não recebi pelos meses que trabalhei. Abri mão do que estava atrasado para sair do clube.

Anderson fez questão de deixar claro que não tem nada contra Julio Brant, candidato a presidência que pode assumir a administração do clube no fim do processo eleitoral. Contou que foi procurado tanto pela situação quanto pela oposição, inclusive por um ex-companheiro de time, campeão da Copa do Brasil de 2011.

- Tenho bom relacionamento com o Felipe. Nós conversamos e expliquei para ele o que estava acontecendo. Acho injusto eu pagar por um problema político. Não só eu, como todos. E é pior ainda para a Instituição. Infelizmente as coisas estão acontecendo e a gente não sabe o que pode vir. Tinha esperança de melhora, mas vivendo o dia a dia a gente sabe a situação do clube. Há funcionários e jogadores que fazem queixas, mas não tem como fazer como estou fazendo por "n" questões. É triste. O Vasco não merece isso.

fonte: globoesporte.com

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