Como o Vasco conseguiu contratar Vegetti no último dia da janela


A contratação de Veggeti, completou um ano. Naquele momento, Paulo Bracks era o executivo de futebol e responsável pelas investidas do Vasco no mercado. Desde o início da janela, o clube já havia definido três alvos principais: Pablo Vegetti, do Belgrano; Michael Santos, do Talleres; e Gabriel Ávalos, do Argentinos Juniors.

A multa rescisória de Vegetti estava fixada em cerca de US$ 1 milhão, mas a partir de dezembro ele estaria livre para assinar com qualquer equipe de graça. Bracks, na primeira rodada de negociações, ofereceu 50% desse valor ao Belgrano pela liberação imediata, esticou a corda até 60%, mas a princípio não houve um acordo.

O nome de Abel Hernández, que havia trabalhado com Bracks no Internacional, também foi colocado na mesa. Diante da falta de alternativas e com o tempo correndo, o Vasco chegou a abrir conversas com o Peñarol, aproveitando-se de uma troca de farpas entre o clube uruguaio e o representante do jogador, mas no fim não fez tanta força para contratá-lo.

Como as negociações por Michael Santos e Gabriel Ávalos não evoluíram, o Vasco finalmente decidiu concentrar os esforços na possibilidade de contratar Vegetti. Era domingo, dia 30 de julho. A janela fecharia na quarta-feira (02/09), dentro de três dias.

Paulo Bracks conta como foi a negociação com o Belgrano:

"Eu sentei com a turma dos scouts, que ficavam comigo 24 horas, e falei: Vamos para cima do Belgrano e vamos pagar a multa. Esse cara vai chegar aqui e vai performar, é o 9 que a gente quer - contou Paulo Bracks ao ge. - Eu voltei nele porque via que, se a gente pagasse a multa, eu ia dar um xeque-mate no Belgrano". 

"Imagina, você tem uma multa até dezembro e está negociando o cara para junho, julho. Lógico que os caras vão aceitar. Mas na ponta de cá, fica a impressão de que vamos pagar a mais por alguns meses antes. Por que você vai pagar mais se daqui a dois meses pode ter o jogador de graça?" completou.

O Vasco formalizou nova proposta ao Belgrano, propondo o pagamento integral da multa, no domingo. Na terça-feira à noite, dia 1º de setembro, véspera do encerramento da janela, o clube argentino respondeu "sim".

Houve uma reunião de última hora com os setores de registro, jurídico e scout do Vasco para debater o que poderia ser feito. Ao mesmo tempo em que emitia passagens para Vegetti e seu empresário, o clube fazia contato com a Associação de Futebol Argentino (AFA) para acelerar os trâmites porque havia tido experiências demoradas e desgastantes nas contratações recentes de Luca Orellano e Manuel Capasso.

Nas transferências em definitivo de um jogador argentino, além da troca de documentos, tem uma taxa que a AFA cobra que leva tempo. Empréstimos são transações bem mais simples. Na quarta de manhã, faltando menos de um dia para encerrar a janela, Bracks teve uma ideia para driblar a burocracia. Vasco e Belgrano fechariam um empréstimo com obrigação de compra com uma meta simples, que certamente seria batida.

Foi dessa forma que ficou definido que o Vasco seria obrigado a comprar Vegetti caso o atacante marcasse um gol durante o período do empréstimo. A inscrição e todo o restante dos trâmites foram concluídos a tempo.

O argentino foi anunciado oficialmente na sexta-feira e estreou dois dias depois, no domingo, na partida contra o Grêmio. Ele entrou aos 19 minutos do segundo tempo e, aos 35, marcou de cabeça o gol da vitória por 1 a 0 em São Januário. Cumpriu a meta no primeiro jogo.

📰 | ge.globo.com
📸 | Leandro Amorim / Vasco 

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